domingo, 21 de junho de 2009

Boulevard

Eram dois amigos na mesa de um bar.
Eram dois maridos a se confidenciar.
Eram dois saídos para um papo levar.
Eram dois sentidos num mesmo lugar.
Com copos nas mãos à tudo brindar.
Com todos motivos para comemorar.
Eram tantos suspiros com o passado a lembrar.
Eram dois amigos de papo pro ar.
Sentiram-se então atraídos,
pelo mesmo motivo que estavam ali.
Se encheram de pose,
a flertar pelos cantos
com duas mulheres,
que juravam em prantos,
pudessem eles ali,
tomados pelo porre.
A cabeça no ar
o seu lado homem
poder compensar
suas fugas na mesa de um bar.

Eles eram tão fortes,
senhores tão nobres,
apostavam a sorte,
brindavam a morte.
Jogaram palavras
temendo um corte.
receberam condições
Eram dez e cinco
E depois de uns cobres
Eram eles fregueses,
antes eram maridos.
Eles sempre corteses
Elas sempre consentindo,
passando como uma luz
desfazendo o empecilho,
e o sinal da cruz,
comemorando o presente...
antes eram maridos
Agora eram fregueses.


28/01/94

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